PAUL VERLAINE(1844-1896)-CHANSON D'AUTOMNE-CANÇÃO DE OUTONO(1866).


Les sanglots longs

Des violons

De l'automne

Blessent mon coeur

D'une langueur

Monotone.


Tout suffocant

Et blême,quand

Sonne l'heure,

Je me souviens

Des jours anciens

Et je pleure.


Et je m'en vais

Au vent mauvais

Qui m'emporte

Deçà,delà

Pareil à la

Feuille morte.



Os soluços graves

Dos violinos suaves

Do outono

Ferem a minh'alma

Num langor de calma

E sono.


Sufocado,em ânsia,

Ai!quando à distância

Soa a hora,

Meu peito magoado

Relembra o passado

E chora.


Daqui,dali,pelo

Vento em atropelo

Seguido,

Vou de porta em porta,

Como a folha morta,

Batido...


(Tradução de Alphonsus de Guimaraens-1870-1921)


Cheguei.Chegaste.Vinhas fatigada

E triste,e triste e fatigado eu vinha.

Tinhas a alma de sonhos povoada,

E a alma de sonhos povoada eu tinha...


E paramos de súbito na estrada

Da vida:longos anos,presa à minha

A tua mão,a vista deslumbrada

Tive da luz que teu olhar continha.


Hoje,segues de novo...Na partida

Nem o pranto os teus olhos umedece,

Nem te comove a dor da despedida.


E eu,solitário,volto a face,e tremo,

Vendo o teu vulto que desaparece

Na extrema curva do caminho extremo.
Observação:-A poesia parnasiana,especialmente a de Olavo Bilac,tem sido objeto de um massacre
da crítica que já dura décadas.Uma pretensa crítica "pós-moderna',que se arrega o direito de interpretar todo o fenômeno literário em termos político-econômicos,sendo que o estético aparece muitas vezes como mero "aspecto alienante-alienado".Eu,por mim,sou um fervoroso devoto do credo estético.Acredito ser uma falácia o fato de não interpretarmos o mundo segundo critérios estéticos.E recuso terminantemente qualquer rótulo de "alienado".Quem sou eu,mas acredito que um Rimbaud,uma Virginia Woolf,um Proust,Joyce,Sebald,Borges,et alii(isso para falar dos maiores) interpretavam o mundo segundo um critério de BELEZA.A política é obviamente importante na vida de qualquer pessoa,mas ao meu ver, política+arte não têm nada em comum.Semprei achei estranho o suposto discurso "pós-moderno" do fim das narrativas,etc.Basta dar uma olhada no noticíario para ver que novas e terríveis narrativas estão surgindo.E acredito que a nossa aventura nesse planeta está,de certa forma, começando (de novo).E quantos recantos da Terra ainda nem conhecem uma mera modernidade?O ocidente deve se lembrar da mais simplória noção de processo histórico-vejam a China,a India e o Brasil(porque não?).Mas voltando ao parnasianismo,é preciso reivindicar a beleza e a modernidade mesma desse movimento,como tantos outros,engolidos pelo lamentável politicamente correto.