Cheguei.Chegaste.Vinhas fatigada
E triste,e triste e fatigado eu vinha.
Tinhas a alma de sonhos povoada,
E a alma de sonhos povoada eu tinha...
E paramos de súbito na estrada
Da vida:longos anos,presa à minha
A tua mão,a vista deslumbrada
Tive da luz que teu olhar continha.
Hoje,segues de novo...Na partida
Nem o pranto os teus olhos umedece,
Nem te comove a dor da despedida.
E eu,solitário,volto a face,e tremo,
Vendo o teu vulto que desaparece
Na extrema curva do caminho extremo.
Observação:-A poesia parnasiana,especialmente a de Olavo Bilac,tem sido objeto de um massacre
da crítica que já dura décadas.Uma pretensa crítica "pós-moderna',que se arrega o direito de interpretar todo o fenômeno literário em termos político-econômicos,sendo que o estético aparece muitas vezes como mero "aspecto alienante-alienado".Eu,por mim,sou um fervoroso devoto do credo estético.Acredito ser uma falácia o fato de não interpretarmos o mundo segundo critérios estéticos.E recuso terminantemente qualquer rótulo de "alienado".Quem sou eu,mas acredito que um Rimbaud,uma Virginia Woolf,um Proust,Joyce,Sebald,Borges,et alii(isso para falar dos maiores) interpretavam o mundo segundo um critério de BELEZA.A política é obviamente importante na vida de qualquer pessoa,mas ao meu ver, política+arte não têm nada em comum.Semprei achei estranho o suposto discurso "pós-moderno" do fim das narrativas,etc.Basta dar uma olhada no noticíario para ver que novas e terríveis narrativas estão surgindo.E acredito que a nossa aventura nesse planeta está,de certa forma, começando (de novo).E quantos recantos da Terra ainda nem conhecem uma mera modernidade?O ocidente deve se lembrar da mais simplória noção de processo histórico-vejam a China,a India e o Brasil(porque não?).Mas voltando ao parnasianismo,é preciso reivindicar a beleza e a modernidade mesma desse movimento,como tantos outros,engolidos pelo lamentável politicamente correto.