Muitos te olharão
Mas não verão nada.
Tua alma é vedada
Ao que as outras são.
Nunca a supuseram
Nem a imaginaram
As que te tiraram
Do que elas não eram.
Nunca a compreenderam
Os mais juntos dela,
Murada é a janela
Onde se estenderam.
Dela ninguém toma,
Nela ninguém nada,
Fonte envenenada,
Mar que não se doma.
Píncaro alto e nu,
Solitária estrada
Onde à luz toldada
Só passeias tu.
BUENO, Alexei. Poesia reunida. Rio de Janeiro: Nova Fronteira: 2003. p.244-245.
Alexei Bueno(1963) é na minha opinião,o maior dos nossos poetas vivos,sem exagero.Ainda e espantosamente desconhecido,faz uma poesia que se aproxima do sublime,'reciclando' nossa herança clássica,e dando à modernidade poética uma nova voz.Fantástico.