A Roma de Hollywood sempre mostrou uma Roma ideal do que a cidade real,o Império real.Os romanos nos filmes e séries americanos costumam ser muito mais uma espécie de "alter ego" dos cidadãos do "Império Americano".A cidade grandiosa com seus templos de mármore branco,os fóruns monumentais,os palácios imperiais,a vasta multidão cosmopolita e o "pão e circo" cotidianos,nunca é mostrada em seu lado sinistro,obscuro-o máximo que nos é permitido ver são as atrozes lutas e penas da arena.Acrescentemos aos filmes pitadas de aventura,melodrama familiar,romance a sexo,e pronto,temos um filme sobre Roma à moda americana.
Grandes filmes foram feitos assim:"Júlio Cesar"(1953-de Joseph Mankiewicz),"A Queda do Império Romano"(1964-de Anthony Mann),"Gladiador"(2000-de Ridley Scott) assim como séries tão intensas e de alto nível como "Eu,Claúdio"(BBC-1976) e "Roma"(HBO-2005)."Júlio César",baseado na peça de Shakespeare(e bastante fiel a ela),é uma obra prima do cinema com interpretações soberbas(e hoje raramente vistas)-um fascinante estudo do poder e sua embriaguez assim como da vingança."Eu,Cláudio",considerada por muitos a melhor série histórica de todos os tempos,é baseada no livro já clássico de Robert Graves-"Eu,Cláudio,Imperador"Estrelada por atores ingleses e irlandeses shakesperianos a série hoje é cult total.
Todos esses filmes e séries se voltam para a análise da voracidade da luta pelo poder,a corrosão implacável que traz qualquer poder "absoluto"e as consequências trágicas da perda do controle sobre si mesmo.Mas "Roma" trouxe além disso,a visão de uma Roma que jazia oculta,aquela dos "humilhados e ofendidos"",de sua "não-vida",como meras marionetes de um jogo de poder que apenas queria se utilizar deles e depois descarta-los na primeira oportunidade.A trama se inicia em 49 A.C. no final da campanha de Júlio César na Gália e narra a vida de dois legionários:Lucius Vorenus(Kevin McKidd) e Titus Pullo(Kevin Stevenson).A vida dos dois legionários se entrelaça nos acontecimentos que mudaram a vida de Roma e do mundo de então.
A reconstrução da Roma dos "desafortunados" é no mínimo,de um impressionante detalhismo.Todas as pequenas misérias cotidianas são vistas-as ruas imundas,os prédios decrépitos,os becos escuros,as "ínsulas" paupérrimas da cidade com seus habitantes aglomerados como ratos.E a criminalidade,a venalidade dos poderosos,a prostituição onipresente,a violência endêmica.E tudo isso magnificamente contrastado com as magníficas casas da nobreza romana com seu enorme grupo de escravos,que tratados como "coisas",assistiam a tudo(tudo mesmo) como se fossem uma pilastra da casa.
Acompanhando o fim da República Romana (com a ascensão de César) e o início do Império com Otávio Augusto,"Roma" é um melodrama assumido e de primeira,com cenários fabulosos(filmado principalmente na Cinecittá-Roma),ótimos diálogos,direção geral firme de Michael Apted e interpretações maravilhosas do elenco,em sua maioria anglo-irlandês-destacando o show à parte de Ray Stevenson (Titus Pullo),Polly Walker(Atia),os fenomenais David Bamber(Cícero) e Lindsay Duncan(Servilia)e o ótimo Max Pirkis,que aos 14 anos arrasa como o jovem Otávio Augustus.Uma ótima opção para quem se interessa por Roma e por sua história.
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