Cinema(E meu Oscar vai para...Blogagem Coletiva-Grande Hotel-Melhor filme de 1932)

Vanessa mais uma vez propos uma blogagem coletiva,dessa vez sobre um dos filmes vencedores do Oscar.
Escolhi um filme que muito pouca gente conhece-Grande Hotel(Grand Hotel),Oscar de melhor filme em 1932.

Gosto muito do cinema da era de ouro de Hollywood,que definitivamente,é uma era perdida,hoje.Coleciono filmes,livros e posters sobre essa época em que o cinema era o grande meio de entretenimento,em que não havia ainda tv.E claro,digam o que quiserem,mas as interpretações eram diferentes,devido,à própria influência do teatro e a um certo lado artesanal da produção cinematográfica de então.E havia um comprometimento muito maior entre atores e diretores,filmes eram ensaiados cena por cena durante meses,todos geralmente vinham do meio teatral,e esperava-se sempre performances acima da média,devido à intimidade que se criava nos estúdios
Grande Hotel foi dirigido por Edmund Goulding(1891-1959),que dirigiu outros clássicos da época como "Não estamos sozinhos"(1939),"Servidão Humana"(1944),"O Fio da Navalha"(1946),entre muitos outros.Originalmente um diretor teatral,Goulding era um perfeccionista,idolatrado por grandes atrizes como Greta Garbo,Bette Davis e Joan Crawford.
O filme é baseado no romance da escritora alemã Vicki Baum(1888-1960),que na primeira metade do século XX era muito famosa no  mundo todo.O enredo conta a história de um certo "Grande Hotel" de Berlim,no final da década de 20,nos últimos suspiros da "década louca",às vésperas da Grande Depressão e do pesadelo nazista.Dramas paralelos ocorrem no hotel,um lugar caro e exclusivo.A estória é narrada pelo Doutor Otternschlag(Lewis Stone),um veterano desfigurado da primeira guerra que mora no hotel.
Conhecemos os 'pequenos' dramas que se desenrolam por seus quartos luxuosos:o Barão Von Geigern(John Barrymore) gastou toda sua fortuna e sobrevive de pequenos furtos e de pura pose.No lobby do hotel ele conhece Otto Kringelein,um pobre contador que descobre que está morrendo e resolve gastar todas as suas economias hospedando-se no Grande Hotel.O antigo patrão de Kringelein,Preysing(Wallace Beery),está lá também hospedado,para fechar um contrato com fornecedores,quando contrata a estenógrafa Flaemschemm(Joan Crawford) que aspira a ser atriz,e insinua-se a Preysing,esperando obter em troca,as condições para investir na carreira.Enquanto isso,a bailarina russa Grusinskaya(Greta Garbo),no ocaso de sua carreira,está deprimida,pensando se é mesmo o fim de sua carreira no balé.
Esse é um resumo sucinto da trama.As tramas e personagens se entrecruzam em microtramas paralelas.A direção de atores é de uma excepcionalidade rara hoje em dia,com o uso e 'abuso' de primeiros planos e close ups(de rosto inteiro),coisa que hoje,pouquíssimos diretores se atrevem(será porque?...).
A destacar a magnífica e antológica atuação de Lionel Barrymore(bisavô de Drew Barrymore),como o amargurado e gentil Otto Kringelein;a presença de Greta Garbo,em grande atuação,passando todo o desespero surdo de Grusinskaya.Garbo é uma figura que ilumina qualquer filme em que apareça.E é em Grande Hotel que ela diz a frase que se tornou emblemática-"I want to be alone"(quero ficar sozinha).
E Joan Crawford no primeiro papel de destaque de sua carreira.
Um filme,enfim,muito diferente do cinema de hoje,muito mais teatral,muito melhor interpretado,focado exclusivamente em passar ao público emoções que se diriam genuínas.Recomendadíssimo.(difícil de achar em DVD,mas hoje,quem procura,sempre acha...)