Vais ficando longe de mim
como o sono,nas alvoradas;
mas há estrelas sobressaltadas
resplandecendo além do fim.
Bebo essas luzes com tristeza,
porque sinto bem que elas são
o último vinho e o último pão
de uma definitiva mesa.
E olho para a fuga do mar,
e para a ascensão das montanhas,
e vejo como te acompanhas
-para me desacompanhar.
As luzes do amanhecimento
acharão toda a terra igual.
-tudo foi sobrenatural,
sem peso de contentamento,
sem noções do mal nem do bem
-jogo de pura geometria,
que eu pensei que se jogaria,
mas não se joga com ninguém.
Poesia-"Despedida" de Cecília Meireles(1901-1964)
Postado por
Unknown
às
terça-feira, agosto 17, 2010
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