O RIO ANTIGO


A bela e sombria gravura de Goya-el sueño de la rázon produce monstros,parece ilustrar muito bem nosso tempo-o tempo do presente infinito,do ser humano reduzido a homo-economicus,da tecno-bio-sociedade da informação,da espetacularização ad nauseam de todos os acontecimentos,do desprezo pela cultura,da especialização.Mas também das inumeráveis resistências a esse modelo,das quais a blogosfera é um grande exemplo.Resistir a essa "razão" cínica e perniciosa é preciso,assim como é preciso procurar outros modelos de (re)construção do mundo social,de harmonização da relação homem-natureza,para impedir a destruição final do planeta.É chegado o tempo que uma outra razão acorde de seu sono.


Ora,a alegria,este pavão vermelho,

está morando em meu quintal agora.

Vem pousar como um sol em meu joelho

quando é estridente em meu quintal a aurora.


Clarim de lacre,esse pavão vermelho

sobrepuja os pavões que estão lá fora.

É uma festa de púrpura.E o assemelho

a uma chama do lábaro da aurora.


É o próprio doge a se mirar no espelho.

E a cor vermelha chega a ser sonora

neste pavão pomposo e de chavelho.


Pavõs lilás possuí outrora.

Depois que amei este pavão vermelho,

os meus outros pavões foram-se embora.