Ritmo em negro

Já era tarde
e cansaram-se as três de esperar.
Entraram,deixando o jardim ,
seco e escuro na noite.
Uma,enxugava os olhos,
outra,esfalfada,caindo no sofá
a última,trêmula,crispando as mãos

De esperar
juraram que jamais se cansariam.
Mas o jardim já agonizava,
a pintura da casa desaparecia
os móveis apodreciam,
tudo se desmanchava
lentamente


Um dia,uma olhou para as outras e disse
que não esperaria mais
porque se cansara e nada mais fazia sentido;
não havia solução.

Ainda ontem estavam lá no jardim,
de negro as duas,abismadas em esperar.
Pombos faziam ninhos no telhado.
O céu era de um azul intenso e ventava.

(James Penido)

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