Geyse,a classe média e o politicamente correto.
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Unknown
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terça-feira, novembro 24, 2009
Semanas depois do hiper comentado acontecido com a estudante Geise Arruda na Unibam,restam talvez,ainda ,algumas perguntas e algumas respostas que podemos tentar destrinchar.No país da nudez celebrada no carnaval,do fio dental,da sexualidade presente no dia a dia,parece ser um contra-senso,o episódio da Unibam.Aparentemente sim,mas existem contradições que jazem lá no fundo de um certo 'inconsciente coletivo' brasileiro.Nosso país foi colonizado por um dos países mais conservadores e também mais pobres da Europa,a maneira como a sociedade brasileira se organizou desde o começo,foi um modo baseado na força,na coerção social e moral.A nostalgia que muitos de nós,às vezes temos de um passado rural um tanto idílico,nos faz esquecer o quanto de horror,de violência,de autoritarismo profundo esse tempo esconde.Basta-nos ler algumas páginas de Guimarães Rosa,de Bernardo Élis,de Mário Palmério,para mergulharmos nessa época de massacres,de intolerâncias consentidas,em que a carolice mais nojenta,a hipocrisia mais tentacular,a violência mais absurda eram o pão de cada dia.A sociedade brasileira ainda sofre,dia a dia,hora a hora ,das cicatrizes da escravidão,da violência(que ainda não nos abandonou),da opressão das minorias,desse fardo pesado do' país da bunda'.O caso Geise nos mostra muito claramente como o machismo mais primário ainda é um componente forte do inconsciente coletivo do brasileiro,porque para muitos uma jovem mulher de mini-vestido é uma ameaça elocubrada em suas mentes deturpadas.Só se esquecem que essa jovem mulher,assim como todas as outras mulheres são donas de seus corpos,de exibi-los não como 'provocações',mas como parte da natureza que os fez como tais.
A classe média brasileira(da qual faço parte),é a primeira,em grande parte,a se proclamar adepta da modernidade,a favor das minorias historicamente oprimidas,da política como instrumento de mudança histórica.Mas é também a primeira a (com exceções,claro),a nunca levar para a vida real esse paradigma radical da mudança como motor do progresso humano.O caso Geise,em que a moça foi chamada de brega,burra,'aparecida',mostra como se confunde o que pode ser um futuro de respeito à pessoa humana,com um 'politicamente correto'repudiado a todo custo,sem nenhuma análise crítica.O que hoje se chama um tanto pejorativamente de 'politicamente correto' foi (e é)uma maneira de dar voz aos que nunca tiveram ou a tiveram deturpada e silenciada ao longo da história.Se não existisse um mínimo dessa correção política o que seria de tantos segmentos sociais politica e literalmente massacrados?É muito fácil criticar fatos de um pretenso pedestal, desqualificar pessoas e movimentos,desprezar qualquer tipo de correção de erros históricos.A história,acredito modestamente,não se repete como farsa,mas sim,caminha.
É preciso abrir os olhos para uma modernidade que sim,inclua absolutamente todos,que seja totalmente democrática,sem opressões sociais e principalmente,psicológicas.Que Geise,vestida ou nua,se expresse como bem lhe aprouver.E viva a liberdade,a solidariedade com o outro,o por-se no lugar do outro.
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5 comentários:
Ítalo de Paula Pinto
24 de novembro de 2009 às 18:56
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Como citei no meu texto. Nesse caso creio haver hipocrisia de todas as partes, inclusive da própria Geisy que se mascarou de uma pura e meiga estudante.
abraços.
Carla Martins
25 de novembro de 2009 às 10:27
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A geisy é totalmente sem noção. mas, não justifica a ação dos seus colegas. Acho que as coisas têm que ser tratadas separadamente. o problema é que, por conta do acontecido, a menina virou uma santa....e, na boa, de santa ela não tem nada.
Cristina Caetano
26 de novembro de 2009 às 18:02
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Questão muito bem levantada, James. Mas basicamente o que aconteceu com a Geisy foi um típico caso de inveja, das meninas que se sentem inferiorizadas por não chamarem tanto a atenção como ela e os rapazes, por não terem a sua atenção. Mas realmente, é um ranço que vem lá detrás. E uma coisa é o que a classe média diz e outra é o que faz, na teoria é muito fácil se dizer contra um preconceito, mas sabemos que na prática as pessoas mostram realmente quem são.
E sinceramente? Fiquei feliz mesmo pela Geisy começar a aparecer na mídia, pra mim soou como um tapa com luva de pelica, como dizia minha avó, para aqueles que mesmo tão novinhos são preconceituosos. Ela tem o direito de ser o que ela quiser e usar o vestido que quiser, somos livres, mulheres e homens. Nunca poderia me sentir ofendida pelo que outra mulher veste, isso é mesmo o cúmulo do absurdo. Nunca pensei que depois da queima dos sutiãs por direitos iguais, uma coisa assim pudesse acontecer. Mas ainda tenho esperanças num futuro onde as pessoas se respeitem pelo caráter.
Alexandre Lucas
29 de novembro de 2009 às 23:19
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Uma palavra: horrorizado!
Paulo Roberto Figueiredo Braccini - Bratz
1 de dezembro de 2009 às 11:08
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sentindo sua falta por aqui ... tudo bem amigo?
bjux
;-)
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