DE PAULO FRANCIS(1930-1997)


Carlos Drummond de Andrade-A poesia de Drummond é de uma fidelidade absoluta à precisão.À antiretórica,à vagueza da auto-indulgência e da autopiedade.

Maria Callas-Deve ser o que Ulisses ouviu,amarrado ao mastro,quando as sereias cantaram.È o que me lembra a voz de Callas no seu apogeu.

Albert Camus-Camus é de um palavrório estático,solene,pomposo,típico do provinciano que aprendeu as cadências majestosas dos clássicos franceses.

Capitalismo-Não há países ricos não-democráticos.

Cultura-Alta cultura é,na verdade,cultura,ponto.Ou seja,o máximo que o gênio humano produziu.

Salvador Dalí-O interessante sobre Dalí é que ele pintava bem,quando lhe dava na veneta.Ser espanhol,ter nascido no século XX e nada dever a Picasso ,estilisticamente,não é pouca porcaria.O Dalí palhaço,comercial,autor de n falcatruas que levam seu nome é que será lembrado.Mas,nos seus melhores momentos,sugere um discípulo meio doido de Velásquez.Poucos pintores do século XX foram capazes de recriar,really,com frescor,o figurativismo,como Dalí.

Emily Dickinson-Emily Dickinson foi a maior poeta mulher de todos os tempos.

Greta Garbo-Greta Garbo era única,e nunca houve atriz de cinema que lhe comparasse.O mais importante é que tinha um quê indefinível que faz dela a estrela absoluta do cinema durante duas décadas,uma qualidade na pessoa que mesmeriza o espectador.Garbo enchia uma tela e varria com quem contracenasse.

Judy Garland-Nenhum dos filmes de Judy Garland é memorável,nem mesmo Nasce uma estrela-A star is born.Ela é o que importa.Vê-la no palco.A única branca que nos toca no que temos de mais íntimo,quando canta.Exige nossa rendição incondicional.Seu rosto ansioso é hipnótico e sabemos que,naqueles filmes idiotas,está falando de coisas muito além do que aparece no script.

E por aí vai.Francis está a centenas de anos luz de distância de seus imitadores de quinta categoria,como o insuportável Diogo Mainardi e o inenarrável Olavo de Carvalho.Sua geração era aquela que podia discutir quase todos os assuntos numa mesa de bar,do cubismo à física de Einstein,e não se resumia a simplesmente jogar pedras nas vidraças alheias sem uma justificativa convincente.Aliás,que horror a idéia de colocá-lo no Manhattan Connection,onde destila seu mau humor constante e sua cultura de almanaque.Pobre Ricardo Amorim.

do livro-O diário da corte-organização de Daniel Piza,Companhia das Letras,1997.

1 comentários:

Laurene

17 de agosto de 2009 às 16:02
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disse...

James: que barato esse sistema de linques internos. Procurei no meu blog e não consegui achar algo igual. Me ensine.

Adorei esse post: Daniel Pizza até que é razoável, é como uma pizza, já os outros Mainardi, Olavo, tenho prazer em esculhambar, sempre.

Vou postar algo sobre Francis, a partir de uma tese q tenho aqui.