ENQUANTO ISSO ,EM BRASÍLIA:


6 comentários:

Gilberto G. Pereira

8 de abril de 2009 às 00:32
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disse...

James, vou pular o comentário deste post (rs) para falar da beleza da Clarice Lispector. Era linda, né. E como escrevia! Aquela entrevista dela na Cultura, a última que ela deu, nos lança numa desolação só, né. Um olhar triste aparece ali, sem esconder nada. O José Castello tem um livro chamado Inventário das sombras, em que ele fala sobre suas entrevistas com autores sombrios ou arredios, outsiders, malucos (nem todos reunindo todas as categorias) como Clarice, José Cardoso Pires, Manoel de Barros, João Antonio, entre outros. O texto sobre a Clarice é belíssimo, que aliás, talvez sirva para o texto que você quer escrever sobre as cartas de Beauvoir, mas está com receio, inseguro (guardando as proporções entre ficção e crítica). Segue o começo do texto:
"Rio de Janeiro, novembro de 1974: aos vinte e três anos de idade, apenas começando minha carreira de jornalista, passo secretamente a rascunhar alguns textos de ficção. Exercícios penosos, em que avanço em ritmo vacilante, sem certeza do rumo que desejo seguir.
Há, nesse momento, um livro que não consigo parar de ler: A paixão segundo G.H., de Clarice Lispector. Eu o descobri um dia, ao acaso, na estante de uma irmã. Comecei a leitura sem nenhuma convicção e logo esbarrei em seu espírito acidentado e aflitivo. Insisti. Não pude largá-lo mais.
Tentando unir as duas experiências, envio um dos pequenos textos que acabo de escrever, que não chega a ser mais que uma confissão, para o apartamento de Clarice Lispector, no Leme. Mando junto meu endereço e telefone, na esperança de que ela, um dia, venha a me responder. Os dias passam e desisto de esperar. Volto a G.H.
Vésperas do Natal: o telefone toca e uma voz arranhada, grave, se identifica: 'Clarice Lispectorrr', diz. Ela entra no assunto. 'Estou ligando para falar de teu conto', continua. A voz, antes vacilante, agora se torna mais firme. 'Só tenho uma coisa para dizer: você é um homem muito medrrroso', e os erres desse 'medrrroso' até hoje arranham minha memória. O silêncio ensurdecedor que se segue me faz acreditar que Clarice desligou o telefone sem ao menos se despedir. Mas logo sua voz ressurge: 'Você é muito medrrroso. E com medo ninguém consegue escrever'."
Grande abraço, James!

José

8 de abril de 2009 às 07:33
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acho graça desse Brasil.
Não a graça de alegria,
a graça de indignação.

E sobre o post anterior
Liberdade é pouco o que eu desejo ainda não tem nome.
Sem dúvida alguma, ela e todo seu subjetivismo, me ensinaram a escrever um pouco.

Unknown

8 de abril de 2009 às 08:12
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disse...

Giba,meu caro,obrigado mesmo pelo comentário e pela força.O texto sobre Beauvoir está saindo,Comecei a escreve-lo ontem.Acho que gostaria mais de fazer um paralelo entre a Simone de Beauvoir dasmemórias-mais "oficial","light"(cortando certas arestas,minimizando certas coisas e comentários) e o da Simone das cartas(inclusive das cartas a sartre,que ainda(!!!) não foram publicadas no Brasil,mas que foram citadas na biografia de simone pela Hazel Howley.Enfim,nas cartas Simone literalmente abre o verbo(sobre tudo e todos),exibindo inclusive,muitas vezes,preconceitos e intolerâncias gratuitas.Mas talvez aí viva o lado "interessante",o lado b de Beauvoir.
Giba,obrigado pela força,meu caro.Fico literalmente pasmo que um blog como o seu tenha somente @ seguidores.talvez isso não seja tão importante para você,mas eu teno visto tanto blog tipo"minhas confissões"etc,com cento e cacetada de seguidores,que penso,divulgar um acerta cultura é reçamente difícil nesse país.Mas é por isso que é bom,por essa dificuladade.Abraço grande do james.

Unknown

8 de abril de 2009 às 08:14
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disse...

José,acho que Clarice tem ensinado a todos nós,há um bom tempo.Clarice me apaixona.E como dizia Guimarães Rosa,eu não leio Clarice para a litratura,mas para a vida.Abraço do james.

Gilberto G. Pereira

8 de abril de 2009 às 10:29
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disse...

Muito obrigado pelas palavras, James! Vamos tocando o barco, né. Meu blog é para bons leitores feito você (claro que é só um exercício de escrita, ainda não pretende ser profissional). Quem lê e se arrebata com Sebald, Borges, Bolaño, tem sentimento estético de sobra. E por isso fico contente com seu reconhecimento. Meu blog é um exercício, e quando esse exercício é capaz de despertar interesse, fico satisfeito, sem dúvida. A gente sempre escreve para o outro, né.
Abraço!

Unknown

8 de abril de 2009 às 10:36
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disse...

Obrigado,meu amigo.valeu.