Que pode uma criatura senão,
entre criaturas,amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar,desamar,amar?
sempre,e até de olhos vidrados,amar?
Que pode,pergunto,o ser amoroso,
sozinho,em rotação universal,senão
rodar também,e amar?
amar o que o mar traz à praia,
o que ele sepulta,e o que,na brisa marinha,
é sal,ou precisão de amor,ou simples ânsia?
Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito,o cru,
um vaso sem flor,um chão de ferro,
e o peito inerte,e a rua vista em sonho,e uma ave de
rapina.
Este o nosso destino:amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente,de mais e mais amor.
Amar a nossa falta mesma de amor,e na secura nossa
amar a água implícita,e o beijo tácito,e a sede infinita.
(Carlos Drummond de Andrade)
Marcadores: AMAR, Carlos drummond de Andrade
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14 comentários:
Lou Vilela
18 de agosto de 2009 às 12:47
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James,
Adoro esse poema! ;)
Parabéns pelo novo visual do blog! Ficou muito bom! O formato valorizou os posts.
Abraços, meu caro!
Lou
Dulce Miller
18 de agosto de 2009 às 14:08
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Oi James!
Uma vez eu ganhei de presente um CD só com poemas do Drummond na voz do Paulo Autran, a coisa mais linda de ouvir!
Esse poema que você postou aqui é um dos mais lindos que conheço!!!
Beijão!!!
Kellen
18 de agosto de 2009 às 15:25
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Fantástico Drummomnd! Lindo poema!
Bjssssssssss
Luciano A. Santos
18 de agosto de 2009 às 16:23
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James,
Gosto muito de Drummond, gosto bastante do Elefante, mas meu preferido é o "Morte do Leiteiro".
Drummond escrevia como ninguém.
Abraço.
Cristina Caetano
18 de agosto de 2009 às 18:09
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E é tão bom amar.. e quando a gente não ama, sente a maior falta de amar o amor, não é? :)
Beijinhos
Paulo Roberto Figueiredo Braccini - Bratz
19 de agosto de 2009 às 09:26
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nussa ki delícia isto ...
bjux
;-)
Mauri Boffil
19 de agosto de 2009 às 10:39
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Ai, esse poema é lindo...
mas quem vive sem o amor em qualquer uma das formas?
Carla Martins
19 de agosto de 2009 às 10:49
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Drummond é t-u-d-o!
Beijos!
Luciano A. Santos
19 de agosto de 2009 às 10:53
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James, tem um selo pra você no meu blog. É o mesmo que me indicou, mas fazer o que? Ler teu blog mexe com meus sentidos :)
Abraço.
Graça Pires
20 de agosto de 2009 às 07:58
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Carlos Drummond de Andrade é um dos meus autores preferidos. Gosto imenso deste poema.
Um abraço.
Laurene
20 de agosto de 2009 às 10:53
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James: não consigo mexer direito nesses aplicativos, mas vc tá lincado lá embaixo, ao lado do Hemingway...vc sabe como funciona aquela lista?
Caio Marques
20 de agosto de 2009 às 18:54
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Adoro Drummond!
Que maravilha é amar!!!!!!!!
Unknown
20 de agosto de 2009 às 22:08
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OO meu amigo tudo bem/???
foi mal a demora mas pela faculdade sempre atrasando para responder os leitores..mas respondendo..
vc vai fechar um blog???ql deles..me fala q ponho na minha lista os que forem ficar ok...
sobre seu texto de amar.....devemos sempre buscar qm gosta de nos ne...
abraçao
Valdeir Almeida
23 de agosto de 2009 às 19:54
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James
Gosto muito deste poema de Carlos Drummond de Andrade.
O ser humano se confunde com o amor. Obviamente as outras espécies também precisam vivenciar o amor, mas nós temos a consciência que a todo o momento nos lembra disso.
Mas não se trata apenas de amor romântico (eros) mas amor pelo que temos e pelas pessoas com quem nos relacionamos.
Abraços e uma excelente semana.
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