Que pode uma criatura senão,
entre criaturas,amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar,desamar,amar?
sempre,e até de olhos vidrados,amar?
Que pode,pergunto,o ser amoroso,
sozinho,em rotação universal,senão
rodar também,e amar?
amar o que o mar traz à praia,
o que ela sepulta,e o que,na brisa marinha,
é sal,ou precisão de amor,ou simples ânsia
Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito,o cru,
um vaso sem flor,um chão de ferro,
e o peito inerte,e a rua vista em sonho,e uma ave de
rapina.
Este é o nosso destino:amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente,de mais e mais amor.
Amar a nossa falta mesma de amor,e na secura nossa
amar a água implícita,e o beijo tácito,e a sede infininita.
Um dos mais belos poemas do século XX na minha humilde opinião.Drummond é inquestionavelmente um orgulho para o nosso país,uma glória.
6 comentários:
Paulo Roberto Figueiredo Braccini - Bratz
6 de abril de 2010 às 11:24
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Amar ... amar ... amar ... nascemos para amar mas não sabemos amar nem a nós mesmos ... fato
Drummond é Drummond né?
bjux
;-)
Ana
6 de abril de 2010 às 11:36
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Como não amar Drummond?!!!
Beijos!
Mylla Galvão
6 de abril de 2010 às 13:28
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James,
Amar é mto bom mesmo!
Mas se não ouver respeito entre as duas pessoas, o amor não faz sentdo.
Aí o amor vira dor...
Belo poema de Drummond. Ele era mineiro como eu...
bjs
Carla Martins
6 de abril de 2010 às 17:30
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Olá, publiquei a segunda parte da entrevista. Passa lá e me fala o que você achou???? :)
Beijos!
Cristina Caetano
6 de abril de 2010 às 23:19
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Eu amo sem conta, até a minha falta de amor, mas amo.
Beijinhos, querido.
Revistacidadesol
7 de abril de 2010 às 10:37
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Oi, James.
Drummond derruba a gente, né? Eu quase caí de costas quando li Ausência, aquele poema para a Ana Cristina César. Eu gostaria de ter escrito aquilo.
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