Desde seu primeiro livro-"Inventário do (Ir)remediável (1970),fortemente influenciado por Clarice,Caio misturou com maestria a contracultura,o sonho hippie desfeito,a 'libertação'pelo livre uso do corpo,da sexualidade,o fluxo da consciência,a loucura,a amargura tantas vezes existente nas relações humanas,a solidão inerente a todos nós:aliando a esses elementos uma feroz crítica social e especialmente psicológica,da coisificação do ser humano;uma análise contundente dos mecanismos mais repressores da sociedade brasileira e ocidental.
Em sua obra destaco "Morangos Mofados"(1982),um marco dos anos 80,hoje uma obra premonitória ,que analisou o fim do sonho da contracultura,a ressaca mental dos anos 70 e o mergulho inicial no hedonismo desenfreado dos anos 80,cobertos de ponta a ponta pela sombra aterrorizante da AIDS,que pôs o ponto final e talvez definitivo,a qualquer 'sociedade alternativa'.
Seus contos "Pela Noite" e "Aqueles Dois" são dos marcos da temática gay na literatura brasileira,nadando profundamente na análise psicológica e na crítica a uma sociedade pretensamente liberal,mas ainda cheia de dispositivos repressores crueis pronto a serem acionados a qualquer mudança real de paradigma.
"Onde Andará Dulce Veiga"(1990-prêmio da Associação Paulista dos críticos de Arte),é além de uma homenagem ao 'país das cantoras',um mergulho fundo num Brasil tenso e muito vivo(o das grandes metrópoles),uma história de perdas e buscas,uma análise minuciosa da hipocrisia social brasileira,uma evocação da loucura que subliminarmente domina todo o tecido social.Dedicado 'à memória de Nara Leão,e a Odete Lara,Guilherme de Almeida Prado,Cida Moreyra e todas as cantoras do Brasil',é a história da fictícia cantora Dulce Veiga(um mistura de Elizeth,Elis e Dalva de Oliveira),que no auge da fama simplesmente desaparece sem deixar vestígios.Em uma São Paulo com ares da Los Angeles de Blade Runner,Caio nos leva numa ação crescente e frenética de pistas falsas,reviravoltas e todo tipo de situações e criaturas bizarras,até o desfecho lindíssimo e inesquecível.Obra de maturidade,Dulce Veiga é uma obra marcante ,testemunha de um Brasil muitas vezes barbáro(no pior sentido possível),mas que tantas vezes nos oferece pessoas e surpresas que mal acreditaríamos existir.Leiam e confiram.
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17 comentários:
Henrique Hemidio
24 de julho de 2009 às 12:49
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Soa estranho dizer isso... mas Caio F. é um dos escritores com que mais me identifico ultimamente... sua solidão urbana era tocante e intocável.
Abs
Cristiano
24 de julho de 2009 às 12:58
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Caro J.,
Caio Fernando Abreu foi meu autor dileto nos anos 80, junto com outros não brasileiros, como Sartre e Huxley. O "onde andará Dulce Veiga" é cheio de mensagens e metáforas sociais. Sou tã fã de Caio, que acabei por conhecer um primo dele em Poa, e o fiz me levar até a casa onde ele morou alguns anos, sabe o que fiz? Tirei uma pedrinha do muro, imagine se todos fizessem isso? rs
Mas a tenho até hoje na minha sala, em destaque...rs
abração e parabéns pela rica reflexão sobre o autor.
abraços
Cristina Caetano
24 de julho de 2009 às 13:50
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Como sempre dando dicas maravilhosas, James...
Não li... mas vou ler. Vai me dando uma angústia ver os livros que comprei e ainda não li ou parei pela metade, o outro é o Equador do Miguel Souza Tavares. Acho péssimo o dia só ter 24 horas.
Beijão
Paulo Roberto Figueiredo Braccini - Bratz
24 de julho de 2009 às 15:24
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Caio é o escritor que melhor retrata a solidão urbana com suas metáforas sociais e sua "loucura". Mostra com grande estilo uma era da vida brasileira com suas singularidades ... parabéns pela escolha ... Onde andará Dulce Veiga é um destes exemplos imperdíveis ... uma pérola mesmo ...
bjux
;-)
Caio Marques
24 de julho de 2009 às 16:02
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Meu xará é fo**! hehehe
Bom finde!
Unknown
25 de julho de 2009 às 12:38
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Hahahaha...nao sabia disso nao James...
mas vou conferir essas informações..
abraçao
Alexandre Lucas
25 de julho de 2009 às 17:11
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Caio Fernando Abreu sobre ler a realidade e antever o por-vir. Um de meus favoritos =D
Fábio
25 de julho de 2009 às 20:24
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q bomq vc gostou do meu blog!
volte sempre, mesmo!
o seu é um blog chic, falando de literatura...
volto aqui viu!
abraço!
Unknown
28 de julho de 2009 às 11:11
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Henrique,caio foi talvez o último grande escritor brasileiro digno desse nome.Grande abraço.
Unknown
28 de julho de 2009 às 11:13
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Cristiano,que história incrível.gsoto de caio desde muito cedo.Uma vez o vi no Rio,na década de oitenta com um grupo de amigos.Claro que não cheguei perto.Hoje me arrependo.Abração.
Unknown
28 de julho de 2009 às 11:14
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1
Leia,Cris,que você vai amr.Um grande romance,obra prima.Abraço.
Unknown
28 de julho de 2009 às 11:17
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Paulo,nossos gostos batem muito(rs).Mas Caio é um dos grandes,com certeza;beijo,meu amigo.
Unknown
28 de julho de 2009 às 11:19
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Caio seu xará é mesmo*f !Obrigado por vir sempre aqui.Um grande abraço.
Unknown
28 de julho de 2009 às 11:21
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Oi,Philip.Fico feliz com sua visita.Se der leia "Dulce Veiga"-é um grande livro.Abraços,amigo.
Unknown
28 de julho de 2009 às 11:23
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Oi,Alexandre.Concordo com vc:Caio foi premonitório em várias coisas,boas e ruins.Que pena que nos deixou tão cedo.Obrigado pelo comentário e volte sempre.Um abraço.
Unknown
28 de julho de 2009 às 11:25
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OLá,Fábio.O que é isso,o seu é que é chic.Mas ,sério,obrigado por visitar meu canto.Volte sempre.Um abraço.
Laurene
30 de julho de 2009 às 11:54
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Caio é bom d + como dizem os adolescentes.
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